Self, personalidade, identidade, subjetividade… Apesar das diferentes definições, existe um consenso de que “self” se refere a um processo de reflexão e reflexividade que se desenvolve nas interações socais como resultado da socialização. (MAIR, 2018)
O que isso quer dizer? Que não existe um ‘eu iniciador’ que vive em algum lugar dentro de nós e que determina nossas características de personalidade/identidade. O self ser um produto de interações sociais resultantes da socialização significa que não nascemos com determinada personalidade, mas sim que APRENDEMOS ao longo da vida a ser como somos!
A socialização é o veículo através do qual os seres humanos são ajustados a uma cultura e a uma sociedade, é através do processo de socialização, que se inicia no nosso núcleo familiar mais próximo, mas que não se restringe a ele, que adquirimos e aprendemos a propagar normas, costumes, valores, ideologias.
A nossa personalidade/identidade é, portanto, SOCIALMENTE CONSTRUÍDA e não geneticamente determinada. Além disso, o processo de socialização nunca se completa! Apesar de desenvolvermos uma noção, mais ou menos estável, sobre quem nós somos, esse autoconceito segue sendo re-acessado e reavaliado continuamente, com base em normas culturais e sociais, e com base também nos feedbacks que recebemos de outras pessoas (a.k.a. interações sociais) até o dia em que morremos.
Podemos dizer, portanto, que, além de socialmente construída, nossa identidade é MUTÁVEL, FLUIDA!
Se é assim que a ciência atual define a personalidade, qual a coerência lógica de afirmarmos que nossos traços físicos ou cores pessoais, informações geneticamente transmitidas e fixas (a não ser que você faça alguma intervenção cirúrgica definitiva) seriam correlatos externos de uma identidade interna previamente existente?
Self e identidade são interesses de muitas disciplinas, incluindo a teoria de moda, filosofia, antropologia, sociologia, psicologia e, até mesmo consultoria de imagem. Entretanto, ao contrário do que se é disseminado pelo senso comum, não há nenhuma evidência científica de que nossas características físicas sejam correlatas às características da nossa personalidade. Ideias de dominância cerebral (que no passado até já foram premiadas com o Nobel), a tipologia do temperamento desenvolvida por Galeano, com base em Hipócrates, no século 4 antes de cristo, posteriormente revisitada por Jung, e a Frenologia já foram há muitos anos desbancadas pelo que há de mais moderno e científico no estudo da personalidade. Alguns desses mitos são desvendados por Christian Jarret no livro “Great Myths of the Brain”.
Entretanto, a insistência na perpetuação de informações ultrapassadas e com pouca ou nenhuma cientificidade vem levando psicólogos ao redor do mundo a afirmarem que “uma compreensão baseada em evidências nunca se fez tão necessária no campo da moda” (MAIR, 2018, P.13).
INTEGRAÇÃO MENTE/CORPO: O FIM DO DUALISMO E O ABANDONO DO “EU INICIADOR”
A Psicologia Cognitiva-Comportamental se desenvolveu ao longo dos anos em três ondas. Esse formato de divisão da história e do desenvolvimento da Psicologia Cognitiva-Comportamental em três ondas (ou três momentos históricos) deve ser visto apenas como um recurso didático, para sua melhor compreensão. Inclusive, é possível observar o seu desenvolvimento através de percursos históricos distintos, a depender do país, conforme pode ser lido no texto de Meyer, Leonardi e Oshiro (2018).
Via de regra, o percurso mundial da Psicologia Cognitivo-Comportamental pode ser compreendido conforme esquema abaixo:
Primeira geração:
predominantemente comportamentalista (ambientalista) A primeira geração de terapias comportamentais engloba a extrapolação dos conhecimentos de laboratório para a aplicação em humanos. Representada, principalmente por Pavlov, Watson e Skinner, este último que apresentou o Condicionamento Operante, através do modelo estímulo-resposta-consequência (E-R-C). Foco de intervenção em variáveis ambientais que exerciam controle sobre o comportamento do indivíduo.
Segunda geração:
Eminentemente cognitiva e crítica ao behaviorismo. Estudo da mente separado do corpo e cognição tida como mediadora do comportamento humano (ideia de que pensamentos geram emoções que geram comportamentos). Preocupa-se com os processos de percepção na aprendizagem e memorização. Foco de intervenções em experiências internas como pensamentos e sentimentos disfuncionais. A modificação de crenças disfuncionais promoveria mudanças de comportamento público. Psicólogos de referência: Tolman e o modelo estímulo-organismo-resposta (E-O-R). Albert Ellis e a Terapia Racional Emotiva. Aaron Beck e a Psicologia Cognitiva
Terceira geração:
Situada em abordagens empíricas e com enfoque contextualista. Foco na relação entre indivíduo e contexto (ambiente e experiências privadas), com estratégias de intervenção voltadas para mudanças experienciais e contextuais. Integração em mente e corpo, pensamento dialógico. Influenciada pelo contextualismo de William James. Foco em flexibilidade comportamental e comportamento verbal. Representada pela ACT, RFT, DBT e Terapia Analítico-Funcional, entre outras.
Como vocês podem ver, a ideia de uma cognição hierarquicamente superior na determinação dos comportamentos localizada em uma mente, em algum lugar dentro de um corpo, é um paradigma já superado em Psicologia. Esse paradigma dualista começou a ser questionado quando, na década de 1970 as teorias da cognição incorporada propuseram uma integração entre mente e corpo, ao refutarem o viés mecanicista proposto pelas teorias cognitivas tradicionais, além de considerarem os processos advindos da relação organismo/ambiente. Dessa maneira, o comportamento tem natureza relacional e é resultado das interações entre o organismo e o ambiente, as representações mentais são colocadas de lado e o corpo ganha relevância principal.
O elo de ligação entre organismo e ambiente, expresso pela concepção de CI reforça a hipótese de que há uma relação de reciprocidade entre percepção-ação-ambiente. A partir dessa relação, os organismos aprendem a adotar critérios de relevância, incorporados de suas experiências cotidianas para direcionar as suas ações no ambiente. (MORONI, 2014)
Sendo assim, quando utilizamos a palavra comportamento estamos nos referindo tanto a eventos públicos (nossas ações no mundo) quanto a eventos privados (nossos pensamentos, sentimentos e emoções). E todo comportamento, pensamentos, sentimentos e ações, é fruto de uma interação entre o organismo (nós) e o ambiente(contexto), sendo governado pelo que chamamos de contingências. Por contingências compreendemos essas relações entre contexto e a emissão de comportamentos.
Se o comportamento é governado pelas contingências, o que provocará mudanças comportamentais serão mudanças nas contingências. E o que permitirá alguma predição e controle do comportamento será, consequentemente, a análise e manipulação das contingências!
Dessa forma podemos dizer que as roupas que vestimos, as cores das roupas que vestimos, o corte e a coloração de cabelo que fazemos, mudanças estéticas definitivas ou não, são contingências para a emissão de comportamentos? SIM!
O QUE CHAMAMOS DE PERSONALIDADE É UM PRODUTO DAS CONSEQUÊNCIAS CULTURAIS.
Abandona-se, assim, a ideia da “existência de um ‘eu iniciador’ das ações, uma mente imaterial, ou atualmente cerebral, que governa as ações humanas” (PIMENTEL; BANDINI; DE MELO, 2011), recusando-se, portanto, a antiga noção de substância que “designa um princípio racional imutável, que sustentaria a identidade das coisas” (LOPES; LAURENTI; ABIB, 2018). Supera-se, portanto, a noção de uma personalidade, identidade, perfil comportamental anterior que molda nossos comportamentos.
A noção de substância é um equívoco linguístico: as coisas apresentam-se ao ser humano como um conjunto de atributos sensíveis, e quando é dado um nome específico para essa totalidade, ele pode se iludir acreditando existir algo por detrás dos atributos, algo que os liga, algo imutável que seria o verdadeiro dono desse nome. Pragmaticamente, o nome é uma estratégia útil para ignorar pequenas variações das coisas, de modo a nos comportarmos como se elas fossem exatamente as mesmas, dia após dia. O nome designa um conjunto de propriedades empiricamente conhecidas, que aparecem regularmente de forma mais ou menos simultânea, e nada mais. Do ponto de vista pragmático, a substância é uma noção inútil; trata-se de um princípio completamente teórico, isto é: não parece haver evidência empírica de sua existência. Assim, o pragmatismo acaba subvertendo o pensamento filosófico tradicional: os atributos “acidentais” são mais primordiais que a substância.
LOPES; LAURENTI; ABIB, 2018
O que isso quer dizer? Que o chamamos de dominante, extrovertido, melancólico, fleumático, analítico, comunicativo, colérico, etc, são, nada mais, do que um conjunto de comportamentos emitidos por uma pessoa dentro de um contexto específico.
Esse fenômeno pode ser explicado por um viés cognitivo que chamamos de GENERALIZAÇÃO, que conforme demonstrado pelo experimento de Milgram (MILGRAM, 1963) é um erro fundamental de atribuição!
Segundo o psicólogo experimental, professor e pesquisador de Harvard Steven Pinke, em aula (23 – o self) que pode ser assistida AQUI, a atribuição é o processo através do qual explicamos o comportamento das pessoas como um reflexo do seu caráter subjacente ou personalidade.
O erro está em explicar o comportamento atribuindo muita importância aos traços de personalidade e muito pouca importância para a situação/contexto no qual a pessoa está se comportando.
No experimento de Milgram a personalidade, entre outros fatores, não foi importante na predição/controle do comportamento. Porém, pequenos (aparentemente) detalhes da situação demonstraram serem os fatores importantes. Demonstrando empiricamente como realmente somo controlados pelo contexto!
É fácil compreender isso se pensarmos assim: se a minha personalidade molda meus comportamentos e a minha personalidade determina que eu sou extrovertida, eu, portanto, seria extrovertida em todos os contextos. É assim que acontece na prática?
Na prática e, segundo a visão do construcionismo social, “o sujeito é uma construção social com papéis sociais que podem, inclusive, ser conflitantes” (LOPES; LAURENTI; ABIB, 2018). Ou seja, somos produtos da cultura na qual fomos criados e é o contexto que dá ao comportamento o seu significado. “Apesar das diferentes definições, existe um consenso de que “self” se refere a um processo de reflexão e reflexividade que se desenvolve nas interações socais como resultado da socialização.” (MAIR, 2018).
Nós aprendemos a ser quem nós somos na interação com outras pessoas. A nossa comunidade verbal nos treina a discriminar e descrever comportamentos que associaremos como características de personalidade. Dessa maneira, por definição, o autoconhecimento também é social!
O AUTOCONHECIMENTO É SOCIAL!
É a comunidade verbal que nos ensina a observarmos a nós mesmos. Por exemplo, quando uma criança cai, ela experimenta uma série de respostas fisiológicas em função do impacto da queda. Um adulto, ou uma criança mais velha, que veja a cena normalmente se aproxima da criança e diz “Nossa! Machucou? Deve estar doendo!”. E assim, vamos ensinando o ser humano a associar estímulos fisiológicos com significados culturais. Veja alguns exemplos de estímulos fisiológicos similares que culturalmente nomeamos como emoções distintas a depender do contexto em que esses estímulos estejam ocorrendo:
- Ansiedade: palpitação, sudorese, tremor, náusea, etc…
- Paixão: palpitação, sudorese, tremor, náusea, etc…
- Medo: palpitação, sudorese, tremor, náusea, etc…
Possuir um repertório comportamental auto descritivo bem desenvolvimento tornou-se algo importante para o desenvolvimento da nossa cultura. Vamos nos tornando conscientes de quem somos a medida em que somos ensinados e passamos a sermos capazes de descrever as contingências envolvidas nos nossos comportamentos. Por exemplo, diante de um jantar com amigos de infância eu me comporto de maneira comunicativa e experimento pensamentos e sentimentos agradáveis em relação as minhas habilidades comunicativas e interpessoais. Enquanto, diante de uma grande plateia que aguarda para ouvir uma palestra minha, eu me comporto de maneira retraída e experimento pensamentos de dúvida em relação a minha competência, em conjunto com sentimentos desagradáveis. Afinal, eu sou uma pessoa extrovertida e comunicativa ou não? Você é os dois, depende do contexto!
Quanto mais somos capazes de perceber e descrever as contingências dos nossos comportamentos, maior é o nosso autoconhecimento e de maneira mais consciente nos comportamos. Entretanto, se aprendemos a observar e descrever nossos comportamentos e suas contingências ao longo na nossa socialização, é de se esperar que, a depender do contexto no qual crescemos, esse ensinamento será melhor ou pior. Existem pessoas muito inábeis em se auto-observarem porque não aprenderam a observar seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, muito menos a conversar sobre eles.
com efeito, ser consciente de si e dos outros (ou não sê-lo) depende da comunidade verbal: é possível que comunidades possam gerar indivíduos conscientes da maior parte de seus comportamentos, da mesma forma que outras comunidades podem gerar indivíduos com pouca ou nenhuma consciência. É nesse ponto, onde a argumentação skinneriana apresenta a consciência humana como produto de uma história de reforçamento social, que as teorias tradicionais entendem que a característica própria do ser humano que o distingue dos demais animais, lhe é roubada. Por esse motivo, essas teorias dirigem críticas ao behaviorismo skinneriano.
PIMENTEL; BANDINI; DE MELO, 2011
Não é a nossa consciência que nos difere das demais espécies, não somos especiais ou hierarquicamente superior nesse sentido. “o que caracteriza a espécie humana, no entanto, é o desenvolvimento de uma CULTURA, um AMBIENTE SOCIAL que contém contingências que geram autoconhecimento e autocontrole” (SKINNER, 1972/1978, p.52).
E O QUE ISSO TEM A VER COM A IMAGEM PESSOAL E A CONSULTORIA DE IMAGEM?
Em 2012, Adam e Galinsky introduziram o termo cognição indumentária que se tornou o principal conceito teórico da Psicologia da Moda enquanto disciplina. A cognição indumentária descreve a sistemática influência que as roupas exercem nos processos psicológicos de quem as usa. A partir de uma pesquisa que integra conceitos e pesquisas da Psicologia, os autores propõem uma estrutura unificadora para o estudo e descrição dessa relação.
A cognição indumentária depende da ocorrência mútua de dois fatores independentes: o significado simbólico das roupas e a experiência física de vesti-las. Os autores partiram do conceito de cognição incorporada, já habitual na Psicologia Cognitiva, para desenvolver a ideia da cognição indumentária.
Uma vez que o corpo ganha lugar de destaque como uma contingência para emissão de comportamentos, como se daria, então, a influência do que vestimos no nosso comportamento, uma vez que a experiência de vestir roupas é praticamente uma constante na vivência humana? Como se daria essa reciprocidade entre percepção-ação-ambiente no que diz respeito ao que vestimos?
A hipótese de Adam e Galinsky (2012) era de que a experiência de vestir roupas desencadearia um processo de incorporação dos seus significados simbólicos a partir dessa relação organismo/ambiente. E essa incorporação seria poderosa o suficiente para promover significativas mudanças de comportamento a partir da reciprocidade existente entre percepção-ação-ambiente.
A grande diferença entre a cognição incorporada e a cognição indumentária reside no fato de que, no caso das roupas, o seu significado simbólico é indireto, justamente porque deriva delas. Ao contrário da cognição incorporada, na qual os significados simbólicos derivam diretamente da experiência física. O que nos leva a dois pontos: no caso das roupas, os significados simbólicos só são acionados a partir do momento em que entram em contato com o corpo através experiência física de vesti-las. E, uma vez, que são externos ao corpo, podemos manipular esses significados de maneira a aumentar as probabilidades de emissão do comportamento desejado.
Os experimentos realizados por Adam e Galinsky (2012) compararam resultados em tarefas de atenção (concentrada e seletiva) entre grupos vestindo jalecos identificados como jalecos médicos, grupos vestindo jalecos identificados como jalecos de pintor e grupos controle.
O jaleco médico foi escolhido por remeter ao foco científico e estar culturalmente relacionado com atributos que envolvem a importância de prestar atenção às tarefas e não cometer erros. O jaleco de pintor foi usado para contrapor o jaleco médico, uma vez que culturalmente remete à criatividade e comportamento artístico, possibilitando a verificação de diferenças no resultado dos participantes e o poder que o significado simbólico teria nesse processo, já que a experiência física dos participantes foi a mesma, e a única variável era o significado atribuído à peça de roupa.
Nos experimentos os participantes que vestiram um suposto jaleco médico e participantes que vestiram um suposto jaleco de pintor estavam na verdade vestindo o mesmo jaleco e tendo a mesma experiência física.
ADAM; GALINSKY, 2012
Os resultados dos três experimentos realizados foram consistentes com as hipóteses dos autores e demonstraram um aumento considerável na performance, em atividades que demandaram atenção concentrada e atenção seletiva, por parte do grupo que vestiu o jaleco médico. Destacando-se a necessidade do pareamento entre significado simbólico e experiência física.
Quando o jaleco foi associado à função médica, mas não foi vestido pelo participante, não houve aumento na atenção concentrada. Quando o jaleco foi vestido, mas não fora associado à função médica, também não houve aumento da atenção concentrada. Apenas quando a) os participantes vestiram o jaleco e b) ele foi associado à função médica que sustentou-se o aumento da atenção concentrada.
ADAM; GALINSKY, 2012, p.922 – tradução livre
A perspectiva da cognição indumentária contribui para pesquisas sobre cognição incorporada e fornece uma explicação unificadora para os estudos sobre os efeitos das roupas, ainda dispersamente encontrados na literatura. Porém, de maneira mais importante, introduz um novo paradigma para o campo dos estudos sobre moda e imagem pessoal ao mudar o foco de o que pensamos (julgamentos e primeiras impressões) para como pensamos e os comportamentos consequentes.
Vestir uma roupa, pintar ou cortar o cabelo, realizar uma alteração facial (definitiva ou não) significa assumir uma identidade correlacionada com os significados simbólicos incorporados, o que elicia comportamentos correspondentes. E, cientes de que é possível manipular o significado simbólico de uma roupa, mantendo constante a experiência física, podemos, como já dito anteriormente, manipular esses significados de maneira a aumentar as probabilidades de emissão de comportamentos que melhorem o nosso desempenho nas mais diversas esferas da vida e que sejam, também, mais saudáveis e promotores de autoestima e bem estar.
BIG FIVE: O MODELO MAIS ATUAL E CIENTÍFICO SOBRE PERSONALIDADE
A definição de personalidade aponta para padrões de comportamento, atitudes e emoções típicas de um indivíduo. Vários modelos teóricos já foram formulados para o estudo da personalidade, entretanto o mais moderno e apropriado é o chamado Big Five ou, em português, Modelo dos Cinco Grandes Fatores, conforme descrito por Nakano (2014):
A importância desse modelo embasa-se principalmente no fato de ele ter sido aplicado em diversas amostras, em diversas culturas e por meio de numerosas fontes de informação (incluindo autoavaliação, avaliação por pares e avaliações clínicas), tendo demonstrado sua adequação nesses diferentes usos (COSTA; WIDIGER, 1993; McCRAE, 1993; URQUIJO, 2001). O modelo representa uma avaliação empírica na área da personalidade (GOSLING; RENTFROW; SWANN, 2003), visto que fornece uma descrição objetiva, consistente e aplicável da personalidade humana. Apesar de relativamente recente, ele embasou diversas pesquisas transculturais que corroboraram sua universalidade (SALDANHA-SILVA et al, 2007)
NAKANO, 2004
O modelo é composto por dois níveis hierárquicos: o primeiro com cinco fatores amplos e o segundo com facetas desses cinco fatores (DE YOUNG; QUILTY; PETERSON, 2007). Os cinco fatores são denominados: Extroversão, Socialização (ou Amabilidade), Realização (ou Conscienciosidade), Neuroticismo e Abertura (NUNES; HUTZ; GIACOMONI, 2009). Atualmente, no Brasil, existem cinco escalas (testes psicológicos), baseados no modelo, que foram validadas e aprovadas no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Lembrando que aplicar e corrigir testes psicológicos é ATIVIDADE PRIVATIVA de Psicólogos, devidamente graduados em Psicologia por uma instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC, além de ser necessário estar em dia com o cadastro no seu respectivo Conselho Regional de Psicologia (CRP). Qualquer outro profissional que faça uso de testes psicológicos sem cumprir estes dois requisitos está, necessariamente, cometendo CRIME de exercício ilegal da profissão e deve ser denunciado ao órgão competente!
Inclusive, a atividade de DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO/COMPORTAMENTAL também é privativa. Veja o que diz a lei nº 4.119 (CLIQUE AQUI para lê-la na íntegra):
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ADAM, Hajo; GALINSKY, Adam H. Enclothed Cognition. Journal of Experimental Social Psychology, 48 (2012), 918-925.
BARBOSA, Arianne de Sá; TERROSO, Lauren Bulcão; ARGIMON, Irani Iracema de Lima. Epistemologia da terapia cognitivo-comportamental: casamento, amizade ou separação entre as teorias? Boletim Academia Paulista de Psicologia, 2014, v.34, n. 86, p. 63-79.
COSTA, P.T.; WIDIGER, T.A. (1993). Introduction In P.T. Costa; T.A. Widiger (Eds.), Personality disorders and the five-factor model of personality (pp.1-10), Washington: American Psychological Association.
DE YOUNG, C.G.; QUILTY, L.C.; PETERSON, J.B. (2007). Between facets and domains: 10 aspects of the big five. Journal of Personality and Social Psychology, v. 93, n. 5, p. 880-896.
GOSLING, S.D.; RENTFROW, P.J.; SWANN, W.B. Jr. (2003). A very brief measure of the big five personality domains. Journal of Research in Personality, v. 37, n. 6, p. 504-528.
LOPES, C.E.; LAURENTI, C.; ABIB, J.A.D. (2018). Capítulo 2: Visão Pluralista de Mundo In Conversas pragmatistas sobre comportamentalismo radical: mundo, homem e ética. 2ª edição revisada e ampliada (p.39-65). Curitiba, PR: CRV.
MAIR, Carolyn. The Psychology of Fashion. Oxfordshire: Routledge, 2018.
MEYER; Sonia Beatriz; LEONARDI, Jan Luiz; OSHIRO, Claudia Kami Bastos. (2018). A Terapia Analítico-Comportalmental (TAC) In ANTÚNEZ, Andrés Eduardo Aguirre; SAFRA, Gilberto. Psicologia Clínica da Graduação à Pós-Graduação. Editora Atheneu, 1ª ed.
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MORONI, Juliana. Cognição Incorporada e sua compatibilidade com o realismo ecológico gibsoniano. Anais dos seminários dos estudantes de pós-graduação em filosofia da UFSCar, 2014, 3 ed.
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