Vivemos em uma cultura que exalta a beleza e mede o valor de mulheres com base em sua aparência. Isso, portanto, nos tornou prisioneiras de estarmos sempre impecavelmente arrumadas e de uma preocupação constante com a nossa aparência e em como somos percebidas pelas outras pessoas.
É muito comum ouvirmos mulheres dizerem que se arrumam para si mesmas, por que gostam, e que não é para agradar aos homens ou disputar com outras mulheres. Eu ouso questionar: será que é assim mesmo? Após uma honesta autoavaliação, qual seria a sua resposta mais legítima? Aquela que você teria vergonha de assumir até para você mesma?
O problema dessa cultura é que ela nos mantém em um estado de insatisfação que consome nossas energias, recursos financeiros, destrói o meio ambiente e literalmente coloca nossas vidas em risco!
Historicamente a moda vem sendo usada como ferramenta de controle feminino. Assim, através da manutenção de imagens corporais não saudáveis, de baixa autoestima e de uma constante insatisfação que consomem nossa energia vital, reduz nossa capacidade de produção e intervenção no mundo, nossa criatividade, nossa atenção, nosso desempenho (ADAM; GALINSKY, 2012) e, dessa maneira, limita nosso acesso a espaços políticos e sociais.
Analogamente isso também alimenta uma indústria que depende de comportamentos compulsivos e compensatórios, numa busca desenfreada por satisfação e autoestima, que sustenta a indústria da beleza e cosmética, procedimentos invasivos, guarda roupas lotados, dietas mirabolantes e, junto com a nossa sanidade e saúde física, se degrada também todo o ambiente ao nosso redor!
Eu ando há muitos anos com uma pergunta na cabeça e te convido a dividir essa preocupação comigo:
Quais seriam os resultados sociais de termos cada vez mais mulheres autoconfiantes, autoempoderadas, satisfeitas com a própria aparência (seja ela qual for), seguras do próprio valor e com uma boa autoestima?
O QUE É O MITO DA BELEZA?
O mito da beleza é o termo usado para descrever o fenômeno através do qual o corpo feminino se tornou um capital. Naomi Wolf é a escritora americana, graduada em Yale, que dissecou esse conceito para nós em seu livro intitulado “O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”.
Segundo ela, a “beleza” é um sistema monetário e, como qualquer sistema, ele é determinado pela política. “Na era moderna do mundo ocidental, o mito da beleza é o mais recente e melhor conjunto de crenças que mantém intacto o domínio masculino“.
A beleza não é algo universal, muito menos imutável. O padrão de beleza está em constante movimento de mudança. Além disso, ele também apresenta suas variações culturais. Não existe uma única versão universal e imutável do que é bonito!
Portanto, o que achamos bonito é apenas uma fotografia que conta a história do nosso tempo (em qual contexto social, cultural, familiar, econômico crescemos e o que esse contexto nos ensinou a ver como bonito).
Todavia, apesar do nome, e do que você pode estar imaginando, o mito da beleza não tem absolutamente nada a ver com a beleza ou com a aparência! Ele gira em torno das instituições masculinas e do poder institucional dos homens.
Assim, as qualidades que um determinado período considera belas nas mulheres são apenas símbolos que determinam o seu comportamento, não a sua aparência.
"A competição entre as mulheres foi incorporada ao mito para promover a divisão ente elas. A juventude e (até recentemente) a virgindade são “belas” nas mulheres por representarem a ignorância sexual e a falta de experiência. O envelhecimento na mulher é “feio” porque as mulheres, com o passar do tempo, adquirem poder e porque os elos entre as gerações de mulheres devem sempre ser rompidos. E, o que é mais instigante, nossa identidade deve ter como base nossa “beleza”, de tal forma que permaneçamos vulneráveis à aprovação externa, trazendo nossa autoestima, esse órgão sensível e vital, exposto a todos.” (WOLF, 2018)
Como podemos ser livres se somos prisioneiras de um ideal de corpo perfeito? É possível sermos felizes se estamos permanentemente exaustas, inseguras e insatisfeitas com nosso corpo? Como ter prazer se nos mutilamos e nos sacrificamos para ter um corpo magro, jovem e sexy?
O PROBLEMA DA INSATISFAÇÃO
“Quando a dona de casa insegura, entediada, isolada e inquieta trocou o trabalho doméstico pelo local de trabalho, os anunciantes (nas revistas femininas) se defrontaram com a perda do seu principal consumidor. Como garantir que trabalhadoras ocupadas e estimuladas continuariam a consumir nos mesmo níveis de quando tinham o dia inteiro para isso e não dispunham de muitos outros interesses que as ocupassem? Era necessária uma nova ideologia que as levasse ao mesmo consumismo inseguro de antes. Alguém, em algum lugar, percebeu que mulheres comprariam mais se fossem mantidas “no estado de ódio a si mesmas, de fracasso constante, de fome e insegurança sexual em que vivem como aspirantes à beleza” (WOLF, 2018)
Os anunciantes que viabilizam financeiramente a existência das revistas femininas dependem “de as mulheres se sentirem tão mal com relação ao próprio rosto e corpo a ponto de gastarem mais em produtos inócuos ou dolorosos do que gastariam se se sentissem belas por natureza” (WOLF, 2018).
Sabemos que parte crucial para a independência feminina é a sua independência financeira. Nós, inegavelmente, percorremos o caminho até o mercado de trabalho e até mesmo até grandes cargos com altos salários. Mas como nos tornaremos financeiramente independentes e conquistaremos mais crescimento e espaços sociais se estamos nos endividando por um punhado de blusinhas novas e uma dose de botox?
O que aconteceria com nossos recursos financeiros se passássemos a nos sentirmos naturalmente mais bonitas, se tivéssemos mais autoestima, autoconfiança e não questionássemos o nosso valor enquanto pessoas baseado na nossa aparência?
A insatisfação consume seu dinheiro e sua energia
Além de consumir nossos recursos financeiros, a sua insatisfação também consome sua energia e te deixa exausta! Isso é algo certamente tão arraigado na nossa cultura que
"O desenvolvimento de uma estima corporal negativa pode ter início na primeira infância quando as percepções de atratividade, saúde e aceitabilidade dos corpos são estabelecidas através de feedbacks de amigos, familiares e pares. Crianças a partir dos 4 anos fazem escolhas preferenciais por figuras mais magras em detrimento às mais arredondadas. Crianças de 6 anos preferem amigos com peso “normal” ao invés de amigos com sobrepeso." (MAIR, 2018)
Evidências (MAIR, 2018) demonstraram que crescentes níveis de insatisfação corporal estão associados com maior risco de adoecimento e comportamentos compulsivos e de risco. Pessoas insatisfeitas comem mais, compram mais, são mais ansiosas, depressivas, se expõem mais a procedimentos estéticos invasivos e de alto risco. Além disso apresentam maiores chances de se envolverem em automutilação e cometerem suicídio. (FREDRICKSON; ROBERTS, 1997 / TYLKA, 2004)
A insatisfação também se correlaciona com o seu desempenho! Pessoas insatisfeitas e que gastam muito tempo e energia pensando na própria aparência e em como são percebidas pelas outras pessoas tem algumas capacidades cognitivas reduzidas, por exemplo: atenção, concentração, memória, criatividade e tomada de decisão. (ADAM; GALINSKY, 2012 / MAIR, 2018 / FREDRICKSON et al, 1998).
Não acredite em quem diz que você precisa usar as cores da sua cartela ou, então, deve sempre se maquiar, em quem diz você precisa alongar sua silhueta para parecer elegante, que existem peças que todo mundo tem que ter no guarda roupa, que diz que você tem que se arrumar (pelo menos um pouco, pelo menos tirar o pijama vai!) pra ficar em casa!
Imagem Pessoal não é a panacéia da autoestima
Portanto, desconfie de qualquer afirmação do tipo “tem que”, que estimula a comparação e faz você sentir que não está se esforçando o suficiente! Autoestima e autoconfiança são processos internos. Roupas e procedimentos de beleza não têm o poder de te proporcionar essas coisas!
Os exemplos acima não são afirmações que fortalecem sua autoestima, pelo contrário elas alimentam a insatisfação, a competição feminina e não fazem nada além de reforçar o mito da beleza!
Nossas roupas de fato nos ajudam a nos sentirmos melhores, mais animadas, mais autoconfiantes. Todavia NÃO APOSTE TODAS AS SUAS FICHAS NELAS! Essa é uma estratégia frágil e você pode não ter percebido ainda, mas inteiramente baseada no seu valor atrelado à sua aparência! Ou seja, apenas mais do mito da beleza.
Uma pessoa com baixa autoestima e sem noção do próprio valor vestindo as melhores roupas, com estilo, nas cores da cartela pessoal e favorecendo a silhueta ainda é uma pessoa insatisfeita, com baixa autoestima e sem noção do próprio valor. Portanto, se você só sente que tem valor quando está arrumada, algo não vai bem com a sua autoestima!
Se assim for, o que acontece com a sua satisfação e autoestima quando não for possível se arrumar? Ou quando você simplesmente não estiver a fim?
CULTURA E O MITO DA BELEZA
De fato é a cultura do mito da beleza que faz com que acreditemos que precisamos estar sempre arrumadas e que isso é um sinônimo de boa autoestima!
A cultura marcada pelo mito da beleza é objetificadora! Ela descarta a mulher enquanto indivíduo e a transforma em um objeto cuja beleza deve ser apreciada:
“os homens olham as mulheres. As mulheres se observam sendo olhadas. Isso determina não só as relações entre os homens e as mulheres, mas também a relação das mulheres consigo mesmas. As mulheres não passam de ‘beldades’ na cultura masculina para que essa cultura possa continuar sendo masculina” (WOLF, 2018)
Em suma, não se trata de as mulheres serem intelectualmente inferiores, fracas ou menos habilidades. Ao passo que a realidade prova justamente o contrário. Temos muitos exemplos de como lideranças femininas, além de serem mais efetivas em termos de resultados são, também, mais saudáveis! Nós somos melhores. E esse é o problema!
Para mim o maior ponto de evidência dessa cultura se relaciona com a nossa personalidade e inteligência!
I would be complex (eu seria complexa) I would be cool (eu seria descolada) I'd be a fearless leader (eu seria uma líder destemida) I'd be an alpha type (do tipo alfa) What I was wearing, if I was rude (o que eu estava vestindo, se eu fui rude) Could all be separated from my good ideas and power moves (tudo isso seria separado das minhas boas ideias e dos meus atos destemidos) And it's all good if you're bad (e está tudo bem se você for mal) And it's okay if you're mad (e está ok se você estiver com raiva) They'd paint me out to be bad (eles me pintaria para ser má) So it's okay that I'm mad (portanto, está tudo bem seu estiver com raiva)
Essa música da Taylor Swift se chama “The Man” e nela ela questiona como seria se ela fosse um homem!
Quem nunca ouviu alguém chamar uma mulher de louca, histérica, exagerada quando ficamos bravas ou irritadas com algo? Que levante a mão qual de vocês nunca temeu ser tachada de uma mulher “difícil” por falar o que pensa, expressar suas ideias e ser confiante em relação à sua inteligência e capacidade?
O Mito da Beleza e a mulher difícil
Dessa maneira, na cultura masculina não é desejável que uma mulher demonstre personalidade. Caso o faça ela se torna não desejável. Portanto, para se manter desejável é preciso se manter no padrão dócil, ingênua, sem malícia, educada. (WOLF, 2018)
“a cultura estereotipa as mulheres para que se adequem ao mito, nivelando o que é feminino em beleza-sem inteligência ou inteligência-sem-beleza. É permitido às mulheres uma mente ou um corpo, mas não os dois ao mesmo tempo” (WOLF, 2018)
E como isso é real! Eu atendo diariamente mulheres que vivenciaram, ou ainda vivenciam, esse dilema! Eu mesma já fui uma delas. Cheguei até quase o final da adolescência acreditando piamente que seria a mulher-cérebro.
Quem nunca ouviu uma mulher se justificar dizendo “pelo menos eu sou engraçada/inteligente/interessante/___________ (insira aqui qual foi ou é a sua desculpa para se autodepreciar).
O problema desse tipo de cultura e das crenças que ela alimenta é que isso provoca conseqüências concretas nas vidas de todas nós. Uma vez que a independência financeira é elemento central para a independência feminina, vamos, dessa maneira, dar uma olhada nos efeitos dessa cultura nas nossas carreiras.
O MITO DA BELEZA É A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO
Como avanço social das mulheres, o aumento do seu nível de escolaridade, a sua entrada no mercado de trabalho e queda da centralização da mulher no lar, tornou-se, portanto, necessário arrumar-se, rapidamente, um meio de gastar a energia, inteligência e recursos financeiros femininos de forma inócua ao sistema patriarcal. Alguém tinha de inventar uma tripla jornada e bem depressa. (WOLF, 2018)
É então que a ocupação com a beleza, trabalho inesgotável porém efêmero, assume o lugar das tarefas domésticas, também inesgotáveis e efêmeras. O mito da beleza então, em sua forma atual, é uma resposta à libertação das mulheres das repressões de natureza material. A discriminação pela beleza se tornou necessária, não pela impressão de que as mulheres ficariam sempre aquém do esperado, mas sim, pela impressão de que elas seriam, como vêm sendo, ainda melhores. A reação violenta foi provocada pelo fato de que, mesmo sobrecarregadas com a “dupla jornada” do trabalho doméstico, as mulheres ainda conseguiram abrir brechas na estrutura do poder. Ela também resultou da constatação de que, se o amor próprio feminino recém-inflado viesse a cobrar afinal o pagamento tão postergado pela “dupla jornada”, os custos aos empregadores e ao governo seriam assustadoramente altos. (WOLF, 2018)
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come
E tem mais. O mito é desenhado de forma que não importa o que você faça, não há resposta certa: se você aparenta a idade que possui e busca envelhecer sem esconder as marcas do tempo você está errada e é taxada de desleixada, de descuidada. Mas se você decide lutar contra o tempo, você também está errada e é taxada de fútil, vazia, artificial.
Assim, não é de se espantar que a maioria de nós nega e tenta esconder os procedimentos que realizam. Mulheres que contratam consultorias de imagem e não revelam isso para ninguém e não indicam o serviço para amigas. Porque o jogo é o de parecer que nascemos assim! Ou seja: é um jogo do IMPOSSÍVEL! Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!
“Claramente a ambivalência cultural em relação à beleza ecoa em direção ao envelhecimento. Enquanto o olhar masculino objetifica mulheres, sua retirada as torna invisíveis. Ironicamente, a pressão para a mulheres preservarem sua juventude pode resultar no risco de ridicularização pela sociedade. Se por um lado os cosméticos e o desenvolvimento de procedimentos estéticos forneceram às mulheres a possibilidade de uma aparência jovial, por outro lado, elas encaram a desaprovação social por sua falta de dignidade se recorrem a esses métodos.” (MAIR, 2018)
E, não se iluda! Subir na estratificação social não te salva do imbróglio. O fato de mulheres cada vez mais assumirem posições de poder e terem cada vez mais recursos não é um sinal de avanço do feminismo e queda do mito da beleza. Pelo contrário, “quanto mais perto do poder as mulheres chegam, maiores são as exigências de sacrifício e preocupação com o físico” (WOLF, 2018).
O objetivo é te deixar exausta
Assim, essa busca por beleza e juventude eternas drena nossas finanças, nosso tempo livre, gastos em passeios nos shoppings, horas em salões de beleza, etc, e, mais importante, A NOSSA CONFIANÇA. Ele nos deixa exaustas, fisicamente e emocionalmente, e, portanto, é essa exaustão que permite que “o sistema use do nosso conhecimento e do nosso tempo sem prejudicar as estruturas masculinas ameaçadas por mulheres que pararam de sonhar pequeno!” (WOLF, 2018)
De tal forma que é essa exaustão, intencionalmente provocada, que compromete o futuro do progresso coletivo feminino. A exaustão compromete, cognitivamente, a sua capacidade de tomada de decisões, o que faz você fazer escolhas piores e mais impulsivamente. Por conseqüência acabamos caindo em mais armadilhas do que deveriamos.
Cansadas e com fome, nós temos o tempo, a energia e a concentração suficientes para realizarmos o nosso trabalho com excelência, porém não sobra o suficiente para qualquer tipo de ativismo ou raciocínio que nos permita questionar e mudar essa estrutura.
O valor da mulher no mercado de trabalho
Nesse sentido, uma manifestação clara e concreta disso é o quanto, ao termos nosso valor vinculado à nossa aparência, nós perdemos a dimensão do nosso valor no mercado de trabalho.
Mulheres ainda ganham menos do que homens nos mesmos cargos e nos sentimos menos confiantes do que eles. Por conseqüência, essa insegurança profissional vêm sendo um dos nossos maiores obstáculos.
O mito da beleza destrói o nosso amor próprio, porque essa destruição é lucrativa para a indústria da moda e da beleza, e para a manutenção do sistema cultural de opressão ás mulheres! Uma mulher sem autoconfiança não tem forças para lutar pelo que ela deseja!
"Os recrutadores admitem que ‘uma forma de eliminar as candidatas a um emprego é reanunciá-lo com um salário mais alto’. Um estudo conclui que ‘quando se trata de definir nosso valor sob o aspecto financeiro, temos grandes dúvidas sobre nós mesmas" (WOLF, 2018)
Tudo isso só reforça a minha visão de que o que importa é a satisfação! Nossos maiores inimigos hoje em dia são a baixa autoestima, a falta de autoconfiança e a insatisfação corporal!
Não existe falar em uma moda voltada para bem estar sem resolvermos esses três aspectos. Qualquer coisa que não lide com eles é apenas mais do mesmo e uma reprodução do mito da beleza!
Referências usadas nesse texto:
WOLF, Naomi. O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempo, 2018.
FREDRICKSON, B.L.; ROBERTS, T.A (1997). Objetification Theory: Toward understanding women’s lived experiences and mental health risks. Psychology os Women Quarterly, 21(2), 173-206.
FREDRICKSON, B.L. et al. (1998). That swimsuit becomes you: sex differences in self-objectification, restrained eating, and math performance. Journal of Personality and Social Psychology, 75(1), 269-284.
ADAM, Hajo; GALINSKY, Adam D. Enclothed Cognition (2012). Journal of Experimental Psychology, n.48, 918-925.
MAIR, Carolyn. The Psychology of Fashion. Ed. Routledge, 2018.
MOODY, W.; KINDERMAN, P.; SINHA, P. (2010). An exploratory study: relationships between trying on clothing, mood, emotion, personality and clothing preferences. Journal of Fashion Marketing and Management: An International Journal, 14(1), 161-179.
TYLKA, T.L. (2004). The relation between body dissatisfaction and eating disorder symptomatology: An analysis of moderating variables. Journal of Counseling Psychology, 51(2), 178.