Tem alguma cor que quando você usa todo mundo te elogia? Você já percebeu que fica mais bem humorada quando veste roupas em cores mais coloridas? E que quando estamos tristes ou mal humoradas tendemos a usar mais preto e cores escuras?
Hoje eu vou trazer informações científicas para esclarecer se é mesmo verdade que as cores podem influenciar no seu humor! E, ademais, te explicar como isso acontece e como você pode usar essa informação intencionalmente para ficar mais satisfeita com a sua imagem pessoal!
E de BÔNUS eu ainda vou te dar a explicação científica de porquê análise de coloração NÃO SE FAZ ONLINE!
Depois da popularização da análise de coloração pessoal o tema cores se tornou o mais popular no mundo da consultoria de imagem!
Porém análise de coloração não está necessariamente relacionada com o efeito emocional das cores!
Análise de Coloração Pessoal: o que é?
A análise de coloração foca no estudo das cores que compõem a nossa pele e demais elementos do rosto, principalmente: cabelos, sobrancelha, olhos, lábios, etc. O foco é na HARMONIA entre as cores que usamos e as nossas cores naturais.
Porém esse não é o único jeito de trabalhar com cores! E quando a intenção é usar as cores para influenciar no nosso humor e comportamentos é muito mais eficiente a gente pensar na incorporação dos significados que as cores têm!
As cores são tão eficientes em influenciar nosso estado de humor porque o processamento dessa informação está diretamente relacionado com o nosso sistema límbico, mais especificamente com o funcionamento das amígdalas.
Porém o que determina o efeito que a cor vai produzir na gente é o processo interpretativo dessa informação!
Como e porquê enxergamos cores
E essa interpretação é diretamente dependente das nossas associações culturais e das nossas experiências de vida! Funciona assim:
Tudo o que vemos depende de luz. Para que vejamos uma cor é preciso que uma fonte de luz ilumine o objeto ou que se trate de um objeto que emita luz.
É essa onda de luz que entra nos nossos olhos e refletida na retina, vira um impulso elétrico que será transmitido para o nosso cérebro através do nervo óptico.
Como damos significado às cores que vemos?
Para que essa informação faça sentido para nós, entra em cena o processo interpretativo que vai usar das nossas motivações, experiências e expectativas para dar significado à ela.
Portanto a percepção de um objeto ou de uma cor depende tanto da percepção sensorial dessa informação, quanto da interpretação que damos a essa informação sensorial.
E é por isso pessoas diferentes podem perceber um mesmo objeto ou uma mesma cor de maneiras diferentes: o que eu vejo como vermelho você pode ver como laranja! (referência)
A PERCEPÇÃO DE COR É SUBJETIVA E VARIA DE PESSOA PARA PESSOA!
Além disso, essa luz que vai ser absorvida e virar informação depende de uma série de coisas como o formato do objeto, sua textura e a fonte de luz que o ilumina! Quando a gente muda a fonte de luz a gente muda a percepção do objeto E DA SUA COR!
A prova científica de que Análise de Coloração não se faz online
E é por isso que fazer análise de coloração pessoal a distância não é possível. Porque você tem muitos elementos que alteram a incidência de luz e a percepção de cores DEPENDE E VARIA conforme a luz!
É muito improvável chegar a um resultado confiável com tantos intermediadores (as condições de luz no momento que a foto foi tirada, a qualidade resolutiva da foto, a resolução e a iluminação da tela em que a foto será analisada, etc.)
Agora pensa comigo: se a percepção da cor é subjetiva, IMAGINA O SIGNIFICADO QUE A COR PERCEBIDA TEM!
As cores podem mesmo nos influenciar?
Pois é gente! Podemos estar eu e você enxergando vermelho. Porém para mim ele pode significar paixão, energia, dinamismo e para você pode estar ligado a uma experiência traumática e desencadear uma sensação emocional ruim!
Nós vemos a mesma cor, mas em mim ela provoca ânimo e bem estar e em você ela provoca medo e mal estar.
O livro Psicologia das Cores se popularizou no mercado da moda por trazer uma correlação de cores e significados que são culturalmente construídos.
Isso quer dizer que determinadas associações, de tanto serem repetidas, passam a ser aceitas como consenso e com o tempo paramos de questionar esses significados e podemos ter a noção de que sempre foi assim e de que eles são válidos para TODO MUNDO!
Porém uma das informações que o livro traz pra gente é justamente a necessidade de analisarmos o CONTEXTO na hora de trabalhar com os significados das cores.
As cores de fato possuem significados culturais que nos influenciam, porém esses significados NÃO SÃO UNIVERSAIS!
A sua história de vida e a cultura na qual você está inserida são mais importantes!
O seu repertório individual de experiências de vida se sobrepõe a essas determinações e podemos encontrar significados divergentes entre pessoas e, também, num aspecto macro, entre culturas e sociedades distintas.
Podemos dizer que a percepção (como vemos) e a significação (os significados que damos) das cores depende de três fatores que funcionam em conjunto:
- biológico: o processamento cognitivo que explica como o porque somos capazes de enxergamos cores.
- história de vida individual: o que você aprendeu sobre cores, como foi a sua experiência com elas, quais significados foram desenvolvidos ao longo da sua vida.
- cultura: a cultura do local onde você cresceu e que serviu de palco para a sua história de vida individual
Vestir amarelo pode liberar dopamina no seu cérebro e te deixar mais feliz?
Na época do filme La La Land o vestido da Ema Stone causou o maior frison e muito se falou sobre o efeito emocional das cores, especialmente do amarelo.
Culturalmente o amarelo é reconhecido por ser uma cor que elicia alegria, bem estar, energia, etc. A mídia inclusive criou o termo “dopamine dressing” para se referir a suposta liberação de dopamina que vestir amarelo provocaria nas pessoas.
Psicólogos tiveram que ir a mídia esclarecer que não é bem assim que funciona! Você pode ler a reportagem AQUI ou na imagem abaixo. O poder de melhorar o humor está em você e não nas suas roupas ou nas cores das suas roupas em si!
Se você entendeu bem o conceito de cognição indumentária você sabe que o que gera esse efeito de influência no nosso humor e no nosso comportamento é o significado que suas roupas têm para você!
Se você não sabe do que eu estou falando é só ler esse texto AQUI!
Portanto, se você não acredita que o amarelo é uma cor alegre vestir ela não vai te deixar mais feliz ou promover uma liberação de dopamina no seu cérebro.
É o significado simbólico que você dá para a cor que te influencia!
“As cores importam tanto quanto o significado simbólico que atribuímos à ela e ao grau em que acreditamos em seu poder”
Mair, 2018
Pesquisas mostram pra gente que o nosso estado de humor é mais determinante nas nossas escolhas, de uma maneira geral, do que nossa personalidade.
Quando você está bem humorada você tende a fazer melhores escolhas! E sentir-se bem vestida leva a sentimentos de maior sociabilidade, poder e merecimento.
Ou seja se sentir bem em relação a sua aparência melhora o seu humor e a sua confiança, e é isso que faz você fazer escolhas mais acertadas!Podemos dizer então que não existe uma cor ou uma roupa da sorte!
Portanto, a sorte que experimentamos ao vestir determinada roupa é resultado desse processo cognitivo emocional que faz com que você se sinta mais confiante ao vestir uma peça de roupa que tenha significados positivos para você.
E essa confiança, ao ser notada por aqueles com quem interagimos, influencia o comportamento dessas pessoas na interação com a gente, levado ao resultado que estávamos esperando.
Não é a roupa ou a cor em si! Importa mais como o que você está vestindo faz você se sentir!
E o que você sente ao vestir uma roupa depende do que ela significa PARA VOCÊ!
Referências usadas nesse texto:
ADAM, Hajo; GALINSKY, Adam D. Enclothed Cognition (2012). Journal of Experimental Psychology, n.48, 918-925.
ELLIOT, A. J. (2015). Colour and psychological functioning: a review of theoretical and empirical work. Frontiers in Psychology, n.6.
MAIR, Carolyn. The Psychology of Fashion. Ed. Routledge, 2018.
MOODY, W.; KINDERMAN, P.; SINHA, P. (2010). An exploratory study: relationships between trying on clothing, mood, emotion, personality and clothing preferences. Journal of Fashion Marketing and Management: An International Journal, 14(1), 161-179.
SCHLAFFKE, L. et al. (2015). The brain’s dress code: How The Dress allows to decode the neuronal pathway of an optical illusion. Cortex, 73, 271-275